segunda-feira, 6 de abril de 2009

((((((( Igreja em Crise )))))))

Leia com atenção este texto que foi extraído parcialmente da revista "Ultimato" - edição setembro/outubro 2001. O texto não está na íntegra por falta de espaço, mas este trecho é o suficiente para entendermos a situação atual da Igreja de Cristo no Brasil: "Nossa mensagem, no passado, confrontou a antiga Roma. No presente somos subservientes à nova Roma e ainda identificamos como um ensaio da Nova Jerusalém. A ideologia do novo César é a ideologia de muitos cristãos. A igreja largamente reflete a ideologia dominante, que é sempre a ideologia das potências e das classes dominantes. Em um mundo imperial, capitalista, neoliberal e burguês, a igreja mais e mais é apenas um débil eco do seu tempo - constantiniano sem 'ira santa', sem profetismo, sem mártires. Contentamo-nos - afinal ninguém é de ferro - com uma domesticada 'liberdade religiosa', sem os riscos das catacumbas. Para tal, elaboramos 'biblicamente' as desculpas e tratamos de silenciar ou marginalizar as incômodas e proféticas vozes que ameaçam a 'paz'... e os dólares. Planejamos tecnicamente a missão, sucumbimos à tirania dos números, dos resultados, dos fatos espetaculares, aos espetáculos em que o quantitativo vale mais do que o qualitativo. Decisões e adesões ao invés de discipulado. Ativismo aos invés de maturidade. O pensar não é necessário; é perigoso, dói. Poupemos o pobre povo, especialmente os jovens, de pensar. Um pouco de pão - talvez - para os de fora, circo - sempre - para os de dentro. Assim todos se sentem felizes, sem 'grilos' e sem culpas. A Palavra de Deus é cada vez menos aberta, e o é de forma seletiva, lida pelos óculos da nova teologia/ideologia, 'comprovando' o que cada líder ou grupo, sectariamente, jé tem construído. Ao Espírito Santo decreta-se que conceda emoções e alguns dons, e se proíbe a exigência do fruto. No caso brasileiro, a igreja já perdeu sua inocência e o entusiasmo juvenil. A memória e o legado positivo do passado foram esquecidos e abandonados. Essa imensa comunidade, que se autodenomina 'evangélica' - mas que, de fato, é fundamentalista - não tem uma identidade comum nem possui um projeto histórico - o teocrático, talvez. Serva do século, fragmentada, sob a rivalidade e a figueira da vaidade dos (mui vivos) 'caudilhos do Senhor' e de suas empresas religiosas. Protestantismo que não protesta. Reformados com amnésia da Reforma e com fobias de reforma, cultivando os seus verdadeiros heróis: Caim 'Sou eu, porventura, guardião de meu irmão?', Pilatos 'Diante da problemática do mundo: Lavo minhas mãos' e Pedro 'Nada de Jerusalém e cruz, façamos aqui permanente acampamento e louvorzão.' Quais seriam, então, as marcas de uma 'igreja normal'? Sectarismo, alienação, emocionalismo, legalismo, moralismo, anti-intelectualismo, valores burgueses, falta de amor e de resposta à individualidade e à privacidade do próximo? Negar essa verdade? Fugir dela? Desanimar? Mas não foi Cristo quem disse: 'Edificarei a minha igreja?' (Mt 16:18) Autor: Robinson Cavalcanti, pastor, teólogo, cientista político e escritor. Diante de tudo isso só posso concluir dizendo: Levantem-se "Samuéis", "Elias", "Eliseus", "Pedros", "Paulos" e "Luteros"!!!